Porque o IBovespa pode ir a 27.000 pontos antes de novas altas.



Ser baixista no Índice Bovespa não dá muito ibope. O mundo todo tem um grande viés de compra, haja visto que lá em Nova York, perto de Wall Street, só tem estátua de Touro, ainda não fizeram uma de Urso e ai de quem fizer. O patriotismo americano não permitiria que fosse exposta como a do Touro. Para quem não sabe o Touro representa os comprados porque na luta, chifra para cima e o Urso, os vendidos porque dá a patada para baixo.

Desde o tempo em que eu fazia comentários de Análise Técnica nas Revistas Enfoque Gráfico - Commodities e Ações, lá pelos idos dos anos 80, os investidores (que eu prefiro chamar de especuladores), não gostavam quando eu dizia que a minha interpretação da análise técnica era a de que os preços iriam cair. Me lembro uma vez um cliente ligando para a Enfoque e dizendo que eu não sabia “o poder que tinha” pois eu dizia que ia cair e caia mesmo e que eu estava tirando dinheiro do bolso dele.


Eu tinha que explicar que o que eu fazia era apenas interpretar a maneira segundo a qual a análise técnica estava visualizando o conjunto de fatores fundamentais e ainda aqueles fatores que só eram do conhecimento dos chamados “insiders”, naquele momento. Eu na verdade não achava nada, procurava apenas interpretar os sinais que o Mercado estava dando nos gráficos. A Análise Técnica “arroz com feijão” que eu pratico, apenas tenta visualmente interpretar os sinais que a média de opiniões dos participantes do mercado está dando no momento. É como se fosse o próprio mercado comentando o que tem feito e o que deve fazer a seguir.


Minha formação inicial no mercado futuro de commodities fez com que eu me tornasse rapidamente um Trader pois nesses mercados a volatilidade é muito maior do que nos mercados de ações e os preços estão sempre ora subindo muito, ora caindo muito, de maneira que vender a descoberto se torna corriqueiro. Fico muito feliz de poder nos dias de hoje, vender ações a descoberto (sem ter as ações) através de uma Corretora, na Bovespa, com praticamente a mesma facilidade com que compro ações e ainda, o que é melhor, usando o home broker integrado no meu terminal Enfoque.


Para quem opera na Bolsa pensando estatisticamente que é como eu entendo ser a maneira correta, (do livro gratuíto O Método Enfoque de Operar nos Mercados), vender é uma necessidade pois quando se têm as chances a favor, torna-se necessário fazer o maior número possível de operações para que a estatística favorárel funcione, trabalhando a nosso favor. Assim sendo, para mim é exatamente igual quando nas “conversas” que tenho com o Bovespa, (que é o que eu faço quando “leio” os gráficos), meu diagnóstico é de alta ou de baixa. O importante para mim, é que ele continue oscilando, seja para cima ou para baixo.


Com relação à minha interpretação do momento referente à tendência de alta de longo prazo, iniciada em Outubro de 2002, de que o Índice Bovespa deve sofrer uma queda mais acentuada, antes de iniciar o último movimento de alta, podendo chegar inicialmente a 27.000 pontos, quero dizer que esta análise é baseada no fato de que técnicamente, enquanto os preços não romperem o último topo, estaremos numa onda corretiva que a Teoria de Elliott chamaria de onda 4 desta tendência iniciada em 2002. Analisando sob esse prisma, me parece que tivemos muita alta na onda 3 para pouca baixa na onda 4.


O que dá embasamento a essa análise é o proprio Bovespa (e o IBV de 63 a 68) que nos mostra, quando analisamos seu passado desde quando se consegue cotações, que ele respeita sim, na maioria das vezes em que tem um movimento definido, as proporções fibonacci, quando corrige ou reage a esses movimentos. Veja no Gráfico 1 abaixo, que mostra o Índice Bovespa indexado em dolar e com escala log, as ocorrências de proporções fibonacci nas correções e reações do mercado brasileiro de ações. As linhas horizontais são dispostas entre o fundo e o topo nos movientos de alta ou entre o topo e o fundo, nos movimentos de baixa e as linhas do meio representam as proporções fibonacci de 38,2%, 50% e 61,8%.


Pode-se verificar que no passado, a grande maioria das vezes em que tivemos um movimento definido (de alta ou de baixa), de proporções similares aos dois movimentos de alta que tivemos a partir de outubro de 2002, a correção ou reação que se seguiu entrou para dentro da faixa das proporções fibonacci e em muitas ocasiões não parou na primeira correção de 38,2%, seguiu até a de 61,8%. Ainda no Gráfico 1, note que as faixas marcadas em verde mostram os movimentos da tendência secundária enquanto que os marcados com as linhas vermelhas mostram os grandes movimentos das tendências primárias e ainda, os marcados em azul, mostram os movimentos da tendência primária atual (iniciada em outbro de 2002).

Gráfico 1

Com os preços neste momento, testando o nível do último topo, nível este, a partir do qual o Índice Bovespa sofreu uma queda livre de 28% em 15 dias, na última vez que esteve lá, em maio deste ano, acredito que este nível não será rompido pelo menos sem uma correção mais acentuada. Esta correção, na minha análise, tem tudo para ser a última onda (onda C) da onda corretiva que seria a Onda IV da tendência iniciada em outubro de 2002 (Gráfico 2).


Este movimento de baixa pode muito bem, como mostra a história regressa do Indice Bovespa, levar os preços a aumentarem a atual correção do movimento de baixa iniciado em maio deste ano, para uma faixa de preços mais compativel com correções fibonacci. Esta faixa de preços, com o dolar de hoje começa em 27.000 pontos conforme mostra em detalhes o Gráfico 2. A minha “leitura” dos gráficos atual, me leva a crer que existe uma possibilidade bem maior de que ocorra essa correção mais acentuada, com o Ibovespa aumentando a correção da Onda III e caindo abaixo do último fundo a 30.000 pontos, do que a manutenção da atual alta, com o rompimento do último topo e o mercado nos mostrando que está na Onda V.


Um eventual rompimento da resistência do último topo, anularia a análise acima e poderia estar indicando o início do terceiro movimento de alta da tendência iniciada em outubro de 2002. Neste caso, a leitura que eu faria seria igual à que fiz em maio de 2004 quando apesar de não havido uma correção da Onda I com proporções Fibonacci, os preços restabeleceram a tendência de alta. A leitura foi de que a tendência estava muito forte e que o “exército dos Touros” estava muito mais forte do que o dos Ursos. O fato de a última correção (Onda II) não ter corrigido em proporções Fibonacci, aumenta as chances e portanto reforça a tese de que isso ocorra desta vez.


Gráfico 2

Boa sorte nos mercados.

Fausto de Arruda Botelho CFTe; CNPI
Certified Financial Technician – IFTA
Certificado Nacional de Profissionais de Investimento - registrado na CVM
Diretor Geral da Enfoque Informações Financeiras Ltda. (Enfoque).